Em nosso 61º encontro falamos sobre a Branca de Neve. Encontro esse que ocorreu na 30ª Feira do Livro de Caxias do Sul no dia 14 de outubro de 2014.
Nesse encontro falamos sobre os diversos contos que de alguma forma fazem alusão à obra Branca de Neve.
As explanações do Encontro ficou a cargo do confrade Rogério Becker.
A
jovem escrava 1634
Transcrita por Giambattista
Basile, esta é a primeira transcrição que se conhece da fábula da Branca de
Neve.
Fazia parte de um dos
cinquenta contos reunidos por Basile no livro O Pentamerão - em alusão ao Decamerão de Boccacio -
Apesar de ser o primeiro
registro escrito de Branca de neve, também há outros contos famosos como
Rapunzel e Cinderela. Os historiadores não tem como precisar a influência desse
livro para outros trabalhos europeus, visto o seu dialeto Napolitano.
Podemos inserir neste
contexto a oralidade das fábulas, pois Basile precedeu Perrault em 50 anos e os
Grimm em 200.
O texto A jovem escrava mostra que o tema central é o ciúme (sendo esse
aspecto o que une todas as versões de Branca de Neve). Ainda assim há outros
pontos que unem as demais versões:
- O número sete. - Sete
Anões, Sete ladrões (no conto Maria, a madrasta má e os sete ladrões), sete
caixões de cristal (A jovem escrava),
- O pente envenenado, a
protagonista caindo em sono profundo (dada como morta).
Outro tema constante nas
demais versões é o martírio da protagonista. (Conforme os historiadores, esse
pensamento Cristão de que, para encontrar a salvação é necessário passar por
provações, é claramente uma forma de passar a mensagem para as camadas mais
desprivilegiadas que não importa o quanto a vida seja dura, a recompensa virá
de alguma forma).
Nesta versão Lisa (Branca de
Neve), recebe uma maldição de uma fada que quando completasse 7 anos, ao pentearem
seu cabelo, seria esquecido um pente nele e ela morreria. Sua mãe a coloca
dentro de sete caixões de cristal e deixa para que seu irmão cuide, para que
nada aconteça com o corpo da menina. Com o passar do tempo acaba morrendo de
desgosto.
Sua tia acaba descobrindo
esse caixão e num acesso de ciúmes (por causa da idolatria do tio, seu esposo,
pela menina) acaba arrancando-a do caixão pelos cabelos derrubando o pente. A
menina acorda e passa por inúmeros martírios até que seu tio descobre e manda sua
esposa embora.
Nessa versão, não há punição
contra o mal. Fato esse que com o passar do tempo e diferentes versões, as
ações da "madrasta" são punidas.
Branca
de Neve 1812
Os Irmãos Gimm publicaram a
primeira versão da Branca de Neve em 1812 no livro intitulado Contos da criança e do lar, que nada
mais era que uma coletânea de diversos contos orais passados de geração a
geração desde meados do século XII. Além de estudiosos do folclore eram também
pesquisadores da sua língua materna cujo sonho era fazer um grande dicionário
alemão.
Quando a primeira versão do
livro foi lançada seu objetivo era que estudiosos a adquirissem, tanto é que a
primeira edição mais parecia um trabalho acadêmico, repleta de anotações e
referências.
O inesperado sucesso da obra
fez com que novas edições ( ao todo 7 em vida) fossem lançadas, ocorrendo a
supressão de conteúdo que ambos julgavam inadequados para crianças.
No original de 1812, quem
infligia todo o sofrimento à personagem é sua própria mãe. Nas edições
seguintes os autores decidem trocar para a madrasta. (com o objetivo de
santificar a mãe e preservar a imagem da instituição família).
Outra mudança de 1812 ocorre
no despertar da garota, quando um servo derruba o caixão. Ver pg. 13.
Uma das partes que compramos
quando lemos o conto é o conceito de beleza expresso pelo espelho mágico (o que
é belo pra uns pode não ser belo pra outros).
Outro ponto é o caçador, que
ao invés de matar Branca de Neve a deixa sozinha no meio da mata selvagem à sua
própria sorte.
Pode-se entrar no mérito do
antropofágico, quando a madrasta come o fígado e os pulmões, para adquirir as
qualidades da menina.
Além é claro do
aspecto de necrofilia (pois quase todos os príncipes apaixonam-se por uma morta).
Há dois contos Italianos:
Maria,
a madrasta má, e os sete ladrões de 1870; que tem mais a ver com outro
conto João e Maria, por causa do caminho de farelo de pão.
O
Caixão de Cristal de 1885; que mais parece um conto de Edgar Alan
Poe, pelo lado sobrenatural e por intensificar a ideia de necrofilia, pois o
Rei não passa de um tirano egoísta que mataria a própria mãe por não encontrar
a garota no caixão.
Outro curtíssimo conto de
origem Suíça, intitulado de A morte dos
sete anões de 1856. Esse mais macabro que o de cima, onde os sete
anões são assassinados e a garota desaparece.
Há outro conto, esse Escocês
de 1892 intitulado "Árvore Dourada
e Árvore Prateada".
Nesse não há madrasta, é a
própria mãe quem tem ciúmes da filha, ao invés de um espelho mágico, há uma
truta mágica, em vez do pente envenenado há uma agulha, e como conto oral, adapta-se
ao local emque está sendo contado, fato esse que contempla a poligamia das
personagens.
A Branca de Neve pode ser
comparada com a Bela Adormecida, alguns historiadores dizem que as duas
histórias podem ter sido a mesma, mas que com a oralidade e o passar do tempo
tomaram caminhos diferentes pela Europa.
Para o bem ou para o mal,
não podemos deixar de falar da versão de Disney (1937) em que popularizou a
fábula da Branca de Neve.
Bibliografia:
Branca de Neve, Os Contos
Clássicos, seleção de Alexandre Callari.
Contos dos Irmãos Grimm,
organização Clarissa Pinkola Estés.
www.grimmstories.com
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