Encontros da Confraria

Encontros nas terceiras terças feiras do mês, na Do Arco da Velha Livraria e Café, das 19h às 20h30min..

domingo, 13 de julho de 2014

Nárnia volta para o 5º Aniversário da Confraria Reinações


    Em nosso 5º aniversário, fomos agraciados com o convite de realizarmos nossa tradicional confraria junto à Academia Caxiense de Letras.
    A obra escolhida foi um conto que já discutimos há muito tempo e que foi dada a tarefa de dar uma releitura  ao "O Leão a Feiticeira e o Guarda-Roupa" do autor C.S. Lewis.
    A festa ocorreu no Café Firenze no dia 12 de julho, juntamente com os membros da ACL.
    As fotos da comemoração, assim como uma pequena palhinha da análise da obra serão fruto de uma nova postagem. Por hora ficaremos com uma breve biografia desse grande autor.

     Clive Staples Lewis (CS Lewis), nasceu em Belfast, na Irlanda do Norte, em 29 de Novembro de 1898. A família era de fé anglicana e frequentava a Igreja da Irlanda. 
     Aos quatro anos de idade apelidou-se de Jacksie, em homenagem a um cão chamado Jacksie que presenciou o atropelamento e por não gostar de seus primeiros nomes, decidiu que passaria a responder apenas pelo mesmo nome do cão, que mais tarde foi abreviado para Jack. Com este novo pseudônimo ficou conhecido entre seus amigos mais próximos até sua morte e com ele por inúmeras vezes, assinou suas cartas. 



     Mesmo com a tenra idade Lewis já inventava histórias, dentre elas havia um reino com animais falantes o qual chamou de Boxen. Lewis não chegou a publicar a história deste reino de fantasia, mas o seu irmão Warren compilou e publicou. Também escreveu ensaios, contos e romances.
     O autor tinha como passatempo favorito, esconder-se dentro de um velho guarda-roupa de carvalho feito pelo seu avô, Richard Lewisl, onde contava suas aventuras, assim relata sua prima Clarice Jack.
     Em 1907, fica órfão da mãe. Neste mesmo ano vai estudar em Wynyard School, em Watford, mas tem problemas com adaptação, onde Lewis e seu irmão foram submetidos a vários castigos físicos dados pelo diretor, Robert Capron (conhecido como “Velhote”). Fechou poucos meses depois por falta de alunos por isso vai para a Campbell College, Lewis precisou sair por causa de problemas respiratórios e foi levado à cidade de Malvern, na Inglaterra, para a escola Cherbourg House, perto de sua casa em Belfast. No segundo semestre de 1913, Lewis foi matriculado na Malvern College e lá permaneceu por um ano – acabou implorando ao pai, ameaçando inclusive com o suicídio, que o tirasse do lugar devido às dolorosas experiências que passou.
     Durante os estudos na Inglaterra, Lewis escreve uma nova versão do mito nórdico de Bound, anos depois este reconhece que a personagem Loki o representava.
     Em 1911, Lewis inicia aulas particulares com, William T. Kirkpatrick, conhecido como “O Grande  Crítico”, que fora tutor do seu pai, lhe era muito querido e mesmo não sendo prosélito, fornecia ao aluno uma gama de argumentos de defesa ao ateísmo. Lewis gostava muito de aprender sobre biologia e mitologias grega e nórdica com ele .
     Todas essas mudanças e experiências negativas de uma educação baseada na intimidação fizeram com que C. S. Lewis, em plena adolescência (aos 15 anos), abandonasse o cristianismo e passasse a subscrever o ateísmo. Mesmo sendo neto de pastor e criado nos rigores da fé cristã pelos seus pais, o jovem tornou-se um ateu convicto. Lewis não tinha interesse no que via de numa religião imposta e cheia de obrigações, culpas e regras. Estava cada vez mais convencido, sob influência de Freud, que era a grande influência ideológica da época, de que a figura de Deus não passava de uma “ilusão” dos nossos desejos mais profundos.
     Em 1916, consegue uma bolsa na Universidade de Oxford, mas por motivo da I Guerra foi convocado para o exército e luta na linha de frente na França. Em abril de 1918 é ferido em Arras e retoma os estudos em 1919 até 1923, sendo então, diplomado em primeiro lugar em Literatura Grega e Latina, Filosofia e História Antiga e em Língua Inglesa. 




     Durante a Primeira Guerra Mundial, Lewis tornou-se amigo de outro soldado irlandês, Edward Courtnay Francis “Paddy” Moore. Ambos se comprometeram a cuidar um da família do outro, caso algum deles falecesse. Paddy faleceu no último ano do conflito e Lewis acabou por retornar para casa por causa de um ferimento em combate. A promessa foi cumprida por Lewis, que trouxe para a sua casa a mãe de Paddy, Janie Moore, e a sua irmã, Maureen. A presença da Sra. Moore foi muito importante para Lewis em sua recuperação no hospital. Seu afeto a colocou como uma nova mãe para ele. Infelizmente, em 1940, tiveram de mudá-la para um lar de idosos, por causa dos sintomas de demência, mas ele permaneceu a visitá-la todos os dias. A Sra. Moore faleceu em 1951.
     Durante os estudos e para auxiliar na renda da nova família, Lewis trabalhou como professor no Magdalen College de 1925 a 1954, no qual tornou-se Membro Sênior e, no último ano, tornou-se Catedrático de Literatura Medieval e Renascentista em Cambridge.
     Em 1929 Lewis tornou-se um teísta. Em Surpreendido pela Alegria, Lewis comentou sobre o momento em que se tornou um teísta*.

*Teísmo (do grego Theós, "Deus") é um conceito surgido, no século XVII (por R. Cudworth, 1678), que sustenta a crença em deus, opondo-se ao ateísmo. É uma crença na existência de deuses, seja um ou mais de um, no caso de mais de um, pode existir um supremo. Teísmo não é religião, pois não se trata de um sistema de costumes, rituais e não possui sacerdotes ou uma instituição. Teísmo é apenas o nome para classificar a opinião segundo a qual existe ou existem deuses. Algumas religiões ou posturas filosóficas são teístas, outras são deístas, panteístas, etc.

          “No semestre do Trinity College, em 1929, eu cedi, admitindo que Deus era Deus, caí de joelhos e orei: talvez, naquela noite, eu fosse o mais desanimado e relutante convertido em toda a Inglaterra.” (C. S. Lewis)


     Lewis foi um dos idealizadores do “clube” The Inklings, um grupo de amigos vinculados à Universidade de Oxford que se reunia para discutir literatura, em especial mitologia, de 1930 a 1949. Este grupo de escritores e poetas é considerado o mais influente do século XX.
     Em setembro de 1931, após uma longa conversa com Tolkien e Hugo Dyson, Lewis ficou convencido de que a fé cristã era real, e em 28 de setembro de 1931, Lewis retornou para a fé cristã.
     



    No dia 2 de setembro de 1939, quatro meninas evacuadas da II Guerra Mundial são acolhidas em The Kilns (residencia de CS Lewis). Para distrair as crianças, Lewis iniciou uma história, que foi abandonada rapidamente, sobre quatro crianças refugiadas da guerra que ficam por um tempo na casa de um velho professor.
     Os nomes das crianças na história eram Ann, Martin, Rose e Peter. Foi o começo do que viria a ser seu maior sucesso. Em 16 de outubro do mesmo ano, o primeiro livro da série Nárnia, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, foi publicado e assim nascia à famosa série As Crônicas de Nárnia.
     Na década de 50, Lewis conheceu pessoalmente a escritora norte-americana Helen Joy Davidman (ou Joy Gresham, por causa do primeiro marido), com a qual já se correspondia há algum tempo. Ela, que havia acabado de chegar à Inglaterra com seus dois filhos, David e Douglas, estava separada do marido alcoólatra e violento para tentar uma nova vida lá. Lewis tornou-se um grande amigo e amparo, inclusive se casando com ela no civil para que pudesse viver legalmente no país. Pouco tempo depois, Joy foi internada reclamando de dores nos quadris. Constatou-se que se tratava de um câncer ósseo terminal. A relação deles tomou novos rumos no período em que Lewis a acompanhou no hospital. O que era uma amizade se revelou outro tipo de amor e em março de 1957, quando ele tinha 60 anos, realizaram o casamento religioso no próprio quarto de internação. O câncer teve um período de recuo que propiciou ao casal viver em casa e inclusive fazer uma viagem pela Grécia e pelo Mar Egeu. Em 1960 houve uma recaída forte, que culminou no falecimento de Joy. O sofrimento causado pela perda de um amor tão recente redundou em um de seus últimos clássicos, Anatomia de uma Dor. 




     Após a morte de sua amada esposa, Lewis estava com 64 anos e começou a ter problemas de saúde. Em junho de 1961 foi diagnosticado com inflamação nos rins e as crises fizeram com que faltasse várias vezes às aulas que ministrava. Dois anos depois, Lewis foi internado e, no dia seguinte, 16 de julho de 1963, sofreu uma parada cardíaca e ficou em estado de coma durante 21 horas. Ao retornar para casa não estava mais em condições de dar continuidade às atividades como professor e se demitiu da posição de catedrático em Cambridge. Em novembro daquele ano foi diagnosticado em fase terminal de insuficiência renal. 

    No dia 22, uma semana antes do seu aniversário de 65 anos, Lewis faleceu em seu quarto e foi enterrado no cemitério da Holy Trinity Church – a poucos metros de sua casa. A notícia de seu falecimento foi ofuscada na mídia pelas notícias do assassinato do presidente Kennedy e da morte de Aldous Huxley, autor do livro Admirável Mundo Novo, que aconteceram no mesmo dia. 


Fonte: http://sociedadecslewis.com

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