Encontros da Confraria

Encontros nas terceiras terças feiras do mês, na Do Arco da Velha Livraria e Café, das 19h às 20h30min..

terça-feira, 25 de março de 2014

A Fabulosa Morte do Professor de Português - palavra de Confreira*




  Na noite de 18 de março, nossos confrades e confreiras reuniram-se para discutir sobre "A fabulosa morte do professor de português" em que nossa confreira Dalva Corsetti Biasuz deu uma belíssima explanação acerca da obra, segue seu comentário ilustrado pelas fotos tiradas pelo Confrade Rogério.




A FABULOSA MORTE DO PROFESSOR DE PORTUGUÊS
Lourenço Cazarré , ilustrações Roberto Negreiros

Narrado em 1ª pessoa por um dos integrantes da história, retrata o clima de intrigas, suspense, rancores e ciúmes, respeitabilidade e irreverência que transcorre durante a tarde de inauguração de uma livraria. Para animar o evento, o livreiro institui uma caça ao tesouro, que vem a ser um exemplar raro escondido entre as prateleiras.
Na manhã seguinte, quando será desvendado o feliz ganhador da raridade literária, para surpresa geral, um cadáver é encontrado no último andar do estabelecimento. Diante do infausto ocorrido, policia, investigação, suspeitas, álibis, completam o enredo de suspense e final inesperado.
Dita inauguração foi objeto de cobertura jornalística imposta pela diretora da escola próxima, como tarefa escolar para uma eclética dupla de alunos, composta por uma adolescente mal humorada e um guri engraçadinho e convencido, ambos ao redor de 13/14 anos.
Os personagens do romance representam vários tipos da intelectualidade local, como professores, alunos, críticos, jornalistas, escritores, todos eles com um sentimento em comum: desafetos da vítima, um honorável professor de português.
Vítima esta que se compraz em ironizar, espezinhar, "azucrinar", para usar uma expressão que certamente o autor empregaria, a todos do seu círculo de atividade. Dotado de um egocentrismo radical, seu juízo não poupava de alunos a escritores, passando pelos livreiros, críticos e a imprensa.
Os próprios narradores são surpreendidos com rompantes do professor e de seus detratores, em defesa de princípios ou fazendo julgamentos açodados. Cada qual trazendo à tona os motivos de seus antagonismos desde os bancos escolares, quando alunos do indigitado professor ou ao amargarem críticas no exercício da profissão ( escritores, jornalistas e demais professores ).
Segundo se gabava o tal professor,..."sofro muito quando tenho que dar nota acima de seis a um aluno meu. Gosto mesmo é de ficar ali, entre cinco e três, mas descendo de vez em quando até um zerinho."
Aceitava como literatura só a dos clássicos; apregoava que a melhor leitura é a maçante e complicada, não a agradável e fácil. Valorizava a produção literária vinda de fora em detrimento da local, o que levava o Secretario de Cultura, Bernardo Bestunto a declarar que "afinal, porcaria se escreve em todo lugar! "
O autor usa linguagem coloquial, não desprezando gírias e analogias, quando estas expressam melhor suas ideias. Faz narrativa e diálogos com uma dinâmica própria para uma história de ação, com o pano abrindo e fechando rápido.
Nomina e caracteriza os personagens de modo atrevido e hilário, como profº Severino Severo, o guri convencido "Tédio", Delegado Túlio Trucido, poeta Arno Aldo Arnaldo, escritora Estrela dos Mares Rainha, lutador Beto Jamanta, jornalista Marco Bravo, beldade Rita Fashion....
Os poucos personagens com nomes "normais", a professora Ana Cristina, a aluna Mariana, parecem ser também das poucas pessoas sensatas da história.
Interessante a forma como a gramática é chamada a entrar em cena, ora como peça do libelo, ( a gente/agente, manga verbo/fruta, massa/maça ) ora para deslindar o mistério por intermédio de uma simples forma gramatical (...ainda não se sabe se ele suicidou ou morreu...).
O autor ilustra as idiossincrasias do professor que não aceita a criatividade de uma redação porque traz cacofonia (fl. 44) ou faz paródia de Guimarães Rosa, (fl.26) um de seus ídolos.
Os alunos entrevistadores se comportam com um misto de ingenuidade e perspicácia frente ao inusitado acontecimento "morte", levando o guri a advertir a colega durante o interrogatório policial: - "Preste atenção no que eles dizem. Ontem todos queriam matar o profº, lembra?"
Cazarré leva os protagonistas a ironizarem professores, poetas e escritores como gente que não gosta de trabalho pesado; a imprensa, pois repórteres só querem respostas óbvias, mais preocupados com a própria imagem do que com a notícia em si; a chatice das reuniões de filósofos e intelectuais onde cada um fica se jactando das suas obras e seu nível de conhecimento.
Faz uma classificação sui generis das escolas poéticas, em que a romântica só declama o amor; a revolucionária só trata de guerras e fuzilamentos e a vanguardista de fazer poemas que ninguém compreende.
O andamento narrativo sugere repetidas vezes um dilema entre crítica literária e bons escritores, como se um excluísse o outro;(os que entendem que crítico "severo" inibe o surgimento de escritores ou a falta deles propicia escritores ruins).
Em toda a história o autor deixa subjacente a importância do prazer na leitura, cabendo ao leitor a escolha do que e quando ler, independente da faixa etária, tanto na escola como na vida. Ler por puro prazer, afinal, livros bons não trazem mensagens, bons livros não são carteiros.
Sem ser livro escolar, as falas fazem colocações ortográficas e gramaticais claras, pertinentes ao público alvo, gratuitamente ou com um gancho no tema central.
Além do enredo envolvente, o livro atrai pela apresentação gráfica, a cor e tipo da letra que deixam a leitura mais agradável, o que por sinal, desagradaria muito ao professor! E o índice por si só, vem a ser um irreverente resumo de cada capítulo.
As autobiografias de ambos no final, escritor e ilustrador, referindo qualidades e defeitos segundo cada um, fecha o quadro das leituras que o próprio Cazarré diz querer "movimentadas, às vezes divertidas, às vezes tristes, que segurem a atenção volátil do jovem leitor" .
A derradeira ilustração dá ideia do final da história e da coesão do grupo atuante.

Por Dalva Corsetti Biasuz*











sábado, 15 de março de 2014

A fabulosa morte do professor de português


 Depois de umas férias, a Confraria Reinações de Caxias retorna as suas atividades na próxima terça dia 18 de março.
 O livro escolhido foi "A fabulosa morte do professor de português" do autor Lourenço Cazarré.
 A explanação da obra ficará a cargo na confreira Dalva Biazus.
   




  Sobre o Autor e a Obra:

 Para você que já teve algum dia um professor que desejou nunca ter conhecido? Quem imaginou assassiná-lo das maneiras mais cruéis inimagináveis? Leia este livro.

  Lourenço Paulo da Silva Cazarré, nascido em Pelotas - RS em 1953, possui cerca de quarenta livros publicados, em 1998, ganhou o premio máximo da literatura brasileira, o Jabuti em literatura infanto juvenil com a obra "Nadando contra a morte", além de diversos outros prêmio literários entre eles o da Bienal Nestlé, sua obra abrange temas polêmicos e questões sociais, como o livro "Isso não é um filme americano" obra já discutida na Confraria.

  Na obra A fabulosa morte do professor de português, Mariana e Teodoro (Tédio) são incumbidos de escreverem uma matéria para o jornal da escola sobre a inauguração de uma livraria onde estariam vários escritores e intelectuais, o que seria algo enfadonho tornou-se uma aventura misteriosa, regrada a suspense, humor e reviravoltas. Afinal quem matou Severino Severo, professor de português e crítico literário mais odiado da cidade?


Local: Na Livraria Do Arco da Velha, no novo endereço, Rua Dr. Montaury, descendo pro Parque dos Macaquinhos perto da escola São José.
Horário: das 19:30 às 21:00 horas.
Data: 18/03/2014